(Igreja de Santo Antônio)
Entre o chão e o vôo,
Por dia e noite, o galo,
Empoleirado na torre, só.
Galo sem terreiro, cúmplice
Da solidão circundante
Dos telheiros. Galo fixo,
Fundas raízes na tôrre, quando na terra o
Exato ofício do canto
Propiciaria, dono das
Fontes da vida; ou morto,
Pôsto à mesa, encerra-
Ria o familiar Domingo,
Alimento em bôcas ávidas.
No horizonte da cidade,
incrustado na paisagem,
o galo. Como resiste
assim imóvel e vertical
na vizinhança azul, entre nuvens, brisas e aves
(celestes e itinerantes),
com o canto estrangulado
na garganta de metal?
LUIZ CARLOS GUIMARÃES
In As cores do dia