domingo, fevereiro 06, 2005

O vampiro de Areia Preta

SANDERSON NEGREIROS, O INVENTOR DO VAMPIRO DE AREIA PRETA
UMA ESTÓRIA QUE CHEGOU A ABALAR O GRANDE PONTO:

Dorian Gray

Diário de Natal
12.05.2002


Há quase 40 anos, um vampiro que lia histórias em quadrinhos e à noite espantava as pessoas vestindo sua capa preta, causou um pandemônio na cidade. Com medo dos ataques, as mães colocavam os filhos para dormir cedo, os casais deixaram de namorar na Praia do Meio, as praças ficaram vazias.
Durante um mês, a população ficou reclusa. Nesse período, as vendas diárias do Diário de Natal pularam de 2 mil, para 12 mil exemplares. Todos queriam saber das aparições do vampiro.
Criado pelo jornalista Sanderson Negreiros, o vampiro que morava em Areia Preta entrou no imaginário popular a tal ponto de muita gente escrever cartas para a redação do DIÁRIO DE NATAL afirmando que o tinha visto.
‘‘Naquele tempo o jornal era vespertino. O editor disse que tinha espaço vazio na edição do dia, então eu falei que tinha a história de um vampiro que apareceu no Morro do Juruá, onde hoje é Mãe Luiza’’, lembra Negreiros.
A partir daí, diariamente, ele relatava as aparições do personagem, que todos acreditavam existir de fato; contava os hábitos do vampiro e dizia que ele se escondia em Areia Preta, mas nunca afirmou que o tal vampiro tinha atacado alguém. ‘‘Ele só corria atrás das pessoas’’, diz o jornalista.
Numa noite, o vampiro estava no Centro; na noite seguinte, havia aparecido na praia do Meio, na praça Pio X, Pedro Velho.
Para dar contornos ainda mais verídicos à história, o criador resolveu vestir o jornalista Antônio Melo com uma capa preta para fotografá-lo como se fosse o vampiro. ‘‘Mas ele sempre aparecia de costas’’, conta Negreiros.
Com o terror da população, a polícia começou a caça ao vampiro de Areia Preta, porém sem sucesso. ‘‘Eu tomava café no bar de um amigo que era policial e achava interessante quando ele reclamava que estava cansado de procurar o vampiro. Eu gostava de ver a reação das pessoas’’, diverte-se. ‘‘Quando a edição do jornal chegava ao Grande Ponto, todo mundo corria para comprar. Essa história criou uma comoção em toda cidade. À noite, tudo ficava vazio’’.

Incômodo

Vendo a reação da população, o Secretário de Segurança Pública da época conversou com o diretor do jornal dizendo que as matérias estavam criando um problema social sério. Incomodado com o crescimento de vendas do DIÁRIO DE NATAL, o concorrente começou a dizer que a história não era verídica, e depois afirmou que o personagem era um poeta natalense. ‘‘Esse poeta me ameaçou de morte’’.
Entretanto, o vampiro somente saiu de cena quando um rapaz se embriagou, vestiu uma capa preta e saiu correndo de braços abertos na beira da praia do Meio. A polícia o prendeu, dizendo tratar-se do vampiro de Areia Preta. ‘‘Eu fiquei com remorso’’, diz Sanderson Negreiros. O jornalista Antônio Melo foi chamado mais uma vez para se vestir com a capa preta para ser fotografado. ‘‘A manchete do jornal foi O vampiro se despede: Adeus Natal, não voltarei mais’’, lembra o inventor do vampiro de Areia Preta.



por Alma do Beco | 5:22 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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