Mais vale sugerir do que dizer
— diz mais quando se diz com sutileza —.
Falar como quem fala sem querer,
juntando, ao que disser, delicadeza.
E nada lhe pergunte. Dialogue.
Respostas surgirão naturalmente.
A chave é perguntar sem que interrogue
( e ela, respondendo, não se sente).
Sincero seja sempre a qualquer hora
(mentir é demodé e é um perigo...).
O que se vai dizer não se decora.
O que se vai dizer já vem consigo.
Jamais fingir saber o que não sabe.
O que lhe faz valer é sua essência.
Nem tudo há que dizer. Nem tudo cabe.
Mais vale o que se aprende em convivência.
Que seja a sua altura a altura dela,
falando olho no olho, sem rompante.
Que ele valha tanto quanto ela
e ela veja nele um semelhante.
Elogie. Mas só não gratuitamente.
Mais vale o elogio à hora certa.
Quem ouve só louvor, como se sente?
não sabe quando erra ou quando acerta...
A pressa é inimiga, diz o dito.
Se ela recuar, recue também.
Mas fique a esperar pelo desdito:
se ela avançar, avance além.
"Cantar"? não faça isso. Espere ser.
Cantar é pular fases. Sorva cada.
O encanto da conquista é perceber
que a boa é a que se dá compartilhada.
Presentes caros, "chiques"? nada disso.
A ela dê os simples, dê com calma...
Mas junte a cada um a gana, o viço.
Presentes dê quaisquer, mas dê com alma.
Por fim, lhe seja ombro, se é o caso.
E seja a qualquer hora. Firme e presto.
Passada a precisão, não por acaso,
a ela seja boca todo o resto.
Antoniel Campos