há uma desmanhã nesta manhã
impalpável semi-oculta
impressentida
um dessabor no negrume do café
um desazul no céu entrevisto da
cozinha
(mesmo o blade runner tocando
como sempre na vitrola soa
estranhamente estranho)
nos meus olhos se abrem gestos
equivocados incompletos
imprecisos
e nos versos que escrevem minhas
mãos nada há que desolhares
vesgos vagos míopes.
Márcia Maia