MARCOS FERREIRA
Não sabemos de nossos
interiores, escaninhos,
porões ou campos-santos.
Também não fazemos conta
de nossos líquidos, suores,
murmúrios e artimanhas.
Nunca jamais nesta
alcova de medos e anseios
nos encontramos
por sobre nossas ancas,
quadris, bustos e coxas.
Nunca nos pusemos
de banda, de frente,
de dois ou de quatro.
Nunca, nunca nesta arena
varrida de culpas adormeceram
lado a lado as nossas carnes
vi-to-ri-o-sa-men-te vencidas.
Nunca nos prendemos
na teia tensa e nervosa
de quatro braços.
Também nunca morremos
na praia vazia de nossos
desalinhos e silêncios.
Mas, estão cravados
aqui nestes muros frios
de minh’alma penada
os pregos longos e agudos
dos teus olhos negros.
E, nas valas comuns
de minhas mãos
encardidas de cios
e luxúrias, ainda
estremece a memória
impura e rija dos
teus seios pródigos.