Pelo dedo primeiro do teu pé, em curva senoidal de sobe e desce, tocando um a um que se umedece, falanges, cinco unhas, vante e ré, solado, metatarso, calcanhar, telúrico sabor, salivo o pêlo do contorno de todo o tornozelo alternando entre o beijo e o respirar... lambuzo a panturrilha ondulada, e encosto a pele áspera do rosto, misturo assim o meu com o teu gosto, de boca e de pele já suada... avanço no joelho, alcanço a coxa, mordidas de mentira em toda parte, o beijo a pintar obra-de-arte: às vezes nuvem rubra, às vezes roxa... (e as mãos e os pés dos dois rasgando a colcha...) subindo pelo "S" do quadril, no rastro salivar chego ao umbigo, (de tão pesados os olhos, só lobrigo...) te ouço sussurrar um "não" sem til... na reta que inicia-se no ventre, deslizo à divisa dos teus seios, no ritmo pendular, paro no meio, e o terno beijo alterno calmamente... em todo o teu pescoço faço um giro, molhando a superfície perfumada, e após uma descida demorada, eu cravo a jugular, feito vampiro... adentro umedecendo o teu ouvido, volteio, vou e volto, saio e entro, penetro, molho tudo, fora e dentro, (teus olhos, como os meus, calam franzidos...) em torno dos teus olhos faço um 8 nariz, maçã do rosto, tudo beijo, de tão extasiado, não mais vejo, e suga minha boca um beijo afoito... encontram-se, duelam-se, se enroscam... procuram-se, encontram-se, se tocam... descansam, brigam, chupam-se, se trocam... de súbito desço ao vértice do "V" que formam tuas coxas levantadas e sorvo e absorvo em golfadas o néctar que me inunda de você.
Antoniel Campos