Piru e Zé Antônio, do Esquina 16
Há algo de podre na límpida lama do Beco.
A fama do Beco bóia no Potengy rio arrimo.
A primazia institucional pelo aparato do Beco,
atrapalha o trabalho, sacrofício.
Se tudo flui,
a cidade arrabalde conflui às suas entranhas.
Absorto em pedra e botecos.
Tudo sedimenta no Beco.
Cloaca do universo.
Tinha um Beco no meio do caminho...
Não foi um rio...
Foi um Beco que ficou em minha vida.
Levitante alma na lama
arte não reta, ereta!
Nas intempéries da confusão de toda urbe
Suspiros poéticos e hospício ao céu que reluz
o Beco é estorvo criador
à imagem e semelhança das suas criaturas.
Tipos. Figuras. Espécimes.
Trastes. Bichos. Personas.
Ratos Humanos. Homens Gabirús. Escrotas Corjas. Santos Dementes. Putas que Pariram.
Jogo do Bicho. Toda sorte e azar ao léu.
Nicho nojento que dá na bocágua e álcool.
Assis Marinho, pintando no Beco
Beco cordão umbilical do imaginário udigrudi.
Potiguarânia, Magestic ... Zenitê reduto zero.
Amálgama das nações Canguleira & Xária.
Espaço sagrado, vomitado, sangrado.
Chão de profundezas infinitas...
Não podemos reproduzir as provençais
picuinhas da política tradicional
das seculares oligarquias barrocas de NATALVESMAIA.
Chega de tentar dissimular:
discursos modernosos, lábias & lorotas alheias.
Ao cerne the question: práxis!
Como Diluir a lama na fama?
Como suscitar o Beco como saída
contra o tódio desmemoriado?
Como inserir, edificar
a mítica viela em espaço concreto?
Onde assentar os Sem-Beco?
Espacializar & territorializar o Beco!
Intituto Histórico
A labuta é fazer tradição.
Exercitar história. Render a memória.
Excitar a libido, feito portas de igreja
e pernas de prostitutas
sempre prontas a deixar-se passar...
Beco vício vil, falaocioso.
O Beco não cabe em si
funda-se em santíssimos saberes:
vicissitudes no coito cotidianus.
O culto à m ística do Beco é um buraco neglo.
Da clara lama ao caos da fama
sambas & rachas & bambas
Alilás, a ofensiva lilás é a interseção
entre o rego e o brilho
do gênero ao sui-generis.
Na calçada de lama, altos saltos da egolatria.
Urge altruísmo!
Transformar é argumento pragmático.
Como? Venham a nós todos
os quadros do Beco e do Bequismo
todas as siglas numa suculenta sopinha de letras
todas as matizes Pererálticas
para lavar, pixar, pintar o Beco.
Põe Pôla na sua vida e caótico fuxico se instaura.
Escarrar no Beco
enquanto esperamos Gardênia.
Maledicências febris...
Carlança
Na contramão da abstração “das kapital”
a mais-valia boemia se produz e
reproduz em delírios in tremens.
Ébria produção do delírium vitae.
Cada gole como se fosse o último
fosso átimo fossa.
Milacrias
o Beco na veia ou no veio ávido.
Saída onírica para SAMBAS em todos os TAOS.
Plíno Sanderson - Poeta, escritor, artísta plástico, antropólogo, professor de geografia e anima-a-dor-cultural. Diretor cultural da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências.