Galeria Metropolitana
Eduardo Alexandre*
Chamado pelo escritor François Silvestre para ouvir sugestões a sua administração, o jornalista Luciano de Almeida recomendou ao presidente da Fundação José Augusto que fosse refeito o painel de Newton Navarro que embelezava a Galeria Metropolitana, na Praça André de Albuquerque, construída pelo ex-prefeito Djalma Maranhão e demolida na administração do ex-prefeito Vauban Farias.
A obra de Navarro, um boi, encantou a quantos tiveram oportunidade de vê-la. A Galeria Metropolitana, tombada, ida ao chão, mesmo, pela força das marretas, levou consigo o painel público daquele que é considerado o mais poeta dos artistas plásticos natalenses. Poeta, escritor, cronista, pintor, desenhista, orador de rara sensibilidade, boêmio, Navarro representou para Natal o que de mais romântico pode existir como símbolo de dedicação a vida entregue e dedicada a arte.
Navarro foi e soube ser um grande artista. O maior de sua geração, pois se somou a qualidade de todos os grandes do seu tempo, soube cultivar o contato amiúde com o povo que, como Cascudo, aprendeu a amar.
Navarro, com Djalma Maranhão, Mailde Pinto, Moacyr de Góes e muitos outros, soube apreender o que de mais bonito existiu no étnico de sua gente: a preservação espontânea de suas cultura e tradições.
Nesse 2004, mais precisamente no dia 2 de abril, fará 40 anos da deposição de Djalma da Prefeitura do Natal. Deposto, preso e levado ao exílio no Uruguai, tudo o que Djalma havia construído tornou-se vítima da ira e da covardia bajulatória dos governantes apoiadores do golpe de estado de 1964.
Uma das vítimas do absurdo advindo foi a demolição da Galeria Metropolitana, onde estava o mural de Navarro.
Reedificar ali na Praça André de Albuquerque a Galeria Metropolitana parece carta fora do baralho. Mas devolver-se à cidade o boi de Navarro ali pintado, isso pode ser feito em outro local. Um local, na visão de Luciano de Almeida, de destaque na cidade do Natal, talvez no paredão da balaustrada (era assim chamada) da avenida Getúlio Vargas, mirante natural do Forte dos Reis Magos e todo o litoral norte, perdendo-se além de Jenipabu (com o j das palavras nativas).
Que a sugestão de Luciano seja escutada por François Silvestre e que o boi de Navarro volte a encantar as íris de quem tenha a felicidade de contemplá-lo.
* jornalista