sexta-feira, fevereiro 11, 2005

O mistério do despertar

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Independente de como passo a noite, acordo bem e disposta e não raro com uma canção em mente, para ser regurgitada durante minha ducha quente de cada dia. "Fanatismo", musicado por Fagner; "Rosa" de Pixinguinha; "Procissão", de Gil; "Alma" de Pepeu Gomes na voz de Zélia Duncan; "Imagine" ou "Woman" de John Lennon e tantas outras figuram no palco iluminado do meu banheiro. Quando acordo mais zen e com preguiça de ser intérprete, ouço música egípcia, indiana ou tibetana, até porque cantarolar tais músicas toda ensabonetada sob a fumaça do box no banheiro e com a pressa habitual do dia-a-dia, soaria no mínimo bizarro.
Mas nos últimos dias algo estranho vem acontecendo. Algo que vem me fazendo acreditar em mensagens subliminares ou no poder que a mente tem de aprender enquanto dormimos. Talvez o sono seja uma espécie de embriaguez, e embora todo bêbado que se preza não lembra de nada no outro dia, no fundo, no fundo, ele fica com uma vaga lembrança do que aconteceu e se remexer um pouco os etílicos neurônios, consegue lembrar de alguma coisa. Sendo o sono assim, um mero estado de embriaguez, por quê não nos lembramos de algum acontecimento posto aos nossos ouvidos enquanto dormimos? Dia desses acordei sendo perseguida mentalmente por "Te amo tanto, tanto, tanto, tanto, que não posso maaaaaaaiss, te amo tanto, tanto, tanto, tanto que perdi a paaaaaaz, quero ter você comigo para amaaaaar e todo meu amor, meu bem eu vou te dar...". Preferi tomar a coisa como um acontecimento banal, esporádico, e não me torturei por isso.

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No outro dia, acreditem, não só cantei de olhos esbugalhados toda aquela estrofe, como complementei "Acredite amor, quero você pra mim, quero você comiiiiigo até o fiiiiiiiim!" Fiquei pasma. De onde pode ter vindo essa anti-pérola da MPB, tão viva e forte, com todos seus açucarados acordes, saídos involuntariamente de minha própria boca, afogando inclemente meus próprios tímpanos ? Olhei estupefacta (ou estupefata?) para meus CDs de Zé Geraldo, Babal, Zé Ramalho, Fagner, Caetano, Djavan, Cazuza, e pedi-lhes fervorosamente perdão por não conseguir tirar aquilo, aquela coisa, aquela música, da minha cabeça. Não teve jeito, passei o dia cantarolando silente, e o pior é que eu já estava quase gostando.
Consegui libertar-me da maldição da música com um CD do Lô Borges, que passou a manhã toda rodando no micro. Procurei levar uma vida normal. Matei um leão depois de mais um dia de trabalho, e dormi. Acordei pelo meio da madrugada, e um som rouco e distorcido era carregado junto ao vento que sibilava na minha janela. Sim, eu moro estrategicamente na direção do som de um Boteco

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e só descobri isso nessa madrugada. O Boteco, é ele !!! O Boteco está enviando mensagens subliminares para meu cérebro, através do vento da madrugada, não sei com que ardiloso propósito. Sonolenta e satisfeita com a descoberta do mistério dos últimos despertares e certa de que, conhecendo o plano nefasto do Boteco eu estaria imune à invasão das ondas sonoras em meu cérebro, adormeci.
Resignada, acordei hoje cantarolando em ritmo de forró, "cartas já não adiantam mais, quero ouvir a tua voooooooz! Vou telefonar dizendo que eu estou quase morrendo, de saudade de vocêeeeeeeeee!". Vi que seria em vão lutar contra a realidade. O Boteco triunfou.

Meire G.

por Alma do Beco | 2:43 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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