Depois da tsunami de dor
Quilômetros a dentro lavando terras
Ceifando vidas, destruindo tudo
O que fica como pergunta?
O que resta como resposta?
Uma Hiroshima sem radiação?
Uma Nagazaki de corpos
Num filete litorâneo?
Quanta dor vinda do mar!
Quanto amor tragado em fúria!
Reconstruir? Recomeçar?
Quantos megatons de força
Necessários serão a esses povos,
A essa gente
Até que vida nova possam ter?
Aos que se foram
Levados pelas águas da morte
Nossos silêncio e pranto
Aos que agarrados ficaram
Uma celebração à vida
E a certeza de que frágeis
Todos nós somos.
Natal, 31 de dezembro de 2004