sábado, fevereiro 05, 2005

Luís da Câmara Cascudo

Luís da Câmara Cascudo
Vicente Serejo

Como jornalista, a produção de Cascudo no Rio Grande do Norte, foi a mais densa e a mais demorada possível.
Durante trinta anos, Cascudo manteve uma coluna diária nos jornais, onde ele não apenas registrava as coisas da cidade, como ele fixava perfis de figuras humanas da cidade.
E foi exatamente esse calor humano, essa permanência de Cascudo na imprensa, que fez com que Cascudo fosse a grande ponte, na época do modernismo, entre o Rio Grande do Norte e São Paulo.Foi pelas mãos de Cascudo que foi levado Jorge Fernandes para a Revista de Antropofagia.
Foi pela amizade de Cascudo com Oswald de Andrade, com Mário de Andrade, que toda essa ponte entre a imprensa do Rio Grande do Norte e a imprensa do Sul do país foi possível.
Sem Cascudo, certamente, o nosso modernismo teria sido mais tarde ainda.
Eu sempre o vejo como um arquivo vivo e muito importante para o exercício jornalístico, pelo volume de informações que Cascudo sempre tem para o jornalismo.
Se alguém procurar Cascudo, por exemplo, para fazer uma matéria sobre a origem da rede de dormir, não vai encontrar Cascudo com a postura de um historiador, nem do etnógrafo.
Cascudo vai receber o repórter com uma simplicidade muito grande, dentro de sua própria rede, vai falar da rede de sua avó, de seus pais, vai puxar gravuras antigas, vai se aprofundar no tema, sem, necessariamente, perder a noção de primeiro plano. Cascudo é sempre um grande repórter, que informa pra gente, com a precisão de um jornalista, de uma linguagem seca, pela informação precisa.
E ele é capaz de responder a qualquer pergunta sem, necessariamente, cair no academicismo, nem no bacharelismo. Cascudo foge a esse tipo de coisa.
Para o jornal eu, como repórter, não vejo condições de se esquecer Cascudo. Ele, embora tenha uma casa com coisas velhas e seja aparentemente um velho, é um arquivo vivo capaz de revelar, inesperadamente, para o grande jornal, o lead técnico que o jornalista busca.
Ele não sabe, necessariamente, a técnica de jornal, mas ele sabe o que é jornalístico e sabe o que nós precisamos.
Eu sou da geração que não sabe escrever sem ouvir Cascudo, principalmente, sobre traços culturais, sobre a tradição da cultura brasileira.

Depoimento TV Cultura – Cascudo
Secretaria de Cultura, Ciência e Tecnologia do Governo do Estado de São Paulo, 1978

por Alma do Beco | 12:55 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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