sábado, fevereiro 05, 2005

Demência

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Elder Heronildes

Não via ninguém. O mar, bravio, batia contra as rochas que ficavam próximas. Alguém o chamava. Olhava, e o olhar se perdia no horizonte. Olhava outra vez. Sua noiva. Corria para abraça-la, e abraçava o vazio. Voltava. Numa das voltas, encontrou-se com uma mulher. Correu para ela. Virou-lhe o rosto. Como um louco, parte para pegá-la. Ao pensar aproximar-se, a visão desaparece. Cai na areia, os dedos entre os cabelos, puxando-os com força.


Ficou nessa posição longos minutos.


Ao abrir os olhos o que viu diante de si deixou-o trêmulo. A polícia andava-lhe no encalço. Um homem alto se adiantava cada vez mais. Afastando-se, entra no mar.


Depois, viu que o homem alto submergia aos poucos, as águas cobrindo-o estranhamente.


Ficou com medo.


Começou a entrar no mar. Continuou entrando.


Súbito, correu de volta. Quanto mais corria, mais via que se afastava da terra. Gritou por socorro. Nada ouviu. Nem sua voz. Silencio.


Começou então a sentir algo lhe puxando as pernas. Estremeceu.


Mãos macias tocaram-lhe a cintura. Era uma jovem. Enlaçou-a e começou a acariciá-la. Tentou beijá-la.


Surpreendeu-se beijando um horrível peixe que diante da sua doentia imaginação, metamorfoseva-se de instante a instante.


Procurou fugir. Era tarde. O peixe já lhe fincara os afiados dentes. Afinal, conseguiu a desvencilhar-se. Atingiu por fim a areia da praia.


Teve ímpetos de sair correndo como um louco. As pernas lhe doiam. Não tinham comando. Caiu no chão frio e adormeceu. Ao acordar estava numa cama.


Admirado perguntou onde estava. Nenhuma resposta. Perguntou mais uma vez. O silencio repetiu-se.


Súbito ouviu uma voz de mulher. Sua mãe. Ficou sem compreender, pois havia anos que a perdera. De repente, não era a mãe. Era a noiva. Correu. Abraçou-a para largá-la em seguida, com asco.


Veio-lhe à mente a idéia do suicídio. Correu para o mar. Entrando na água deu um mergulho. Não mais apareceu.

por Alma do Beco | 12:43 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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