Elder Heronildes
Não via ninguém. O mar, bravio, batia contra as rochas que ficavam próximas. Alguém o chamava. Olhava, e o olhar se perdia no horizonte. Olhava outra vez. Sua noiva. Corria para abraça-la, e abraçava o vazio. Voltava. Numa das voltas, encontrou-se com uma mulher. Correu para ela. Virou-lhe o rosto. Como um louco, parte para pegá-la. Ao pensar aproximar-se, a visão desaparece. Cai na areia, os dedos entre os cabelos, puxando-os com força.
Ficou nessa posição longos minutos.
Ao abrir os olhos o que viu diante de si deixou-o trêmulo. A polícia andava-lhe no encalço. Um homem alto se adiantava cada vez mais. Afastando-se, entra no mar.
Depois, viu que o homem alto submergia aos poucos, as águas cobrindo-o estranhamente.
Ficou com medo.
Começou a entrar no mar. Continuou entrando.
Súbito, correu de volta. Quanto mais corria, mais via que se afastava da terra. Gritou por socorro. Nada ouviu. Nem sua voz. Silencio.
Começou então a sentir algo lhe puxando as pernas. Estremeceu.
Mãos macias tocaram-lhe a cintura. Era uma jovem. Enlaçou-a e começou a acariciá-la. Tentou beijá-la.
Surpreendeu-se beijando um horrível peixe que diante da sua doentia imaginação, metamorfoseva-se de instante a instante.
Procurou fugir. Era tarde. O peixe já lhe fincara os afiados dentes. Afinal, conseguiu a desvencilhar-se. Atingiu por fim a areia da praia.
Teve ímpetos de sair correndo como um louco. As pernas lhe doiam. Não tinham comando. Caiu no chão frio e adormeceu. Ao acordar estava numa cama.
Admirado perguntou onde estava. Nenhuma resposta. Perguntou mais uma vez. O silencio repetiu-se.
Súbito ouviu uma voz de mulher. Sua mãe. Ficou sem compreender, pois havia anos que a perdera. De repente, não era a mãe. Era a noiva. Correu. Abraçou-a para largá-la em seguida, com asco.
Veio-lhe à mente a idéia do suicídio. Correu para o mar. Entrando na água deu um mergulho. Não mais apareceu.