sábado, fevereiro 05, 2005

Texto de João Machado

Sylvio Piza Pedroza
Tribuna de
João Machado
Tribuna do Norte
25.10.64

Escreveu, não leu, bate o velho Sylvio por aqui, um beijo em dona Branca, um abraço nos amigos, que são todo mundo, correligionários e adversários de política, idem idem de todas as coisas, exceto dos esportes, onde não existem nem uns nem outros, não tem desportista que se preze que não admire e proclame o espírito do filho de seu Fernando, de saudosa memória.
Agora mesmo está entre nós o velho Sylvio, mais jovem do que nunca, mais esportivo do que nunca, mais daquele mesmo jeitão dele do que nunca, mais antropófago do que nunca, tinha graça não ser assim mesmo, quando ele foi governador jamais perdeu a “esportiva”, toda vida ficou do mesmo jeito, não havia de ser agora que ele ia ser besta ou metido a besta, andar emproado, botando banca e metendo pose, feito certos minhocas que andam por aí querendo pisar a gente do alto das tamancas deles, sem Ter nem ao menos o que o periquito roa...
Se encontre com seu Sylvio em qualquer parte, claro, que avec Humberto Nesi dum lado – Alvamar parece que tomou chá de sumiço danado – e verifique com seus próprios olhos que a terra há de comer, se tribuna de João Machado tá mentindo nem exagerando nada, se não está ali vivinho da silva o mesmo tenista e fuleríssimo jogador de futebol de salão que eram o prefeito de Natal e o governador do Rio Grande do Norte, nos idos de quarenta e muitos para cinqüenta e poucos.
Pois é a esse homem do esporte que a Associação dos Cronistas Esportivos vai entregar hoje, em solenidade simples como os homens do esporte gostam, entrega a domicílio, Getúlio Vargas, 750, a mais alta comenda que o Rio Grande do Norte tem para dar, no setor, que é a Medalha do Mérito Esportivo. E já vai tarde, não resta a menor dúvida. Mas demonstração de reconhecimento e gratidão não cai e exercício findo. E tá escrito lá na bíblia, que é o buquê dos buquês, que os últimos serão sempre os primeiros, principalmente quando são gabaritados que nem Sylvio.
Não tem nada mais chato do que o tal mecanismo de repetição em conversa, mesmo quando é na base do corruchiado como a da gente. Até anedota boa de português e papagaio e outras coisas mais gostosas perdem a graça repetidas, quanto mais relações intermináveis de feitos e realizações dum fulano qualquer. Quem é que não sabe o que mestre Pedroza foi para, e falo pelo, esporte do Rio Grande do Norte.
Tribuna de João Machado não vai perder tempo nem tomar precioso tempo de ninguém com um catatal do tamanho da semana da asa sobre o ativo silviano no balanço esportivo cá da terra, aqui todo mundo conhece todo mundo conhece todo mundo, quem não foi compadre ainda, é ou vai ser daqui a pouco, bastaria o ginásio que tem o nome dele para a imortalidade. Quem quiser fazer hora de saudade que fique se lembrando do cimentão da quadra da “Pracinha”, no moderno, ou na quadra do Tiro de guerra 18, em frente ao Grupo do Professor Luís Soares, no mais antigo.
Mas não se esqueça, jamé de la vie, da mudança, do desenvolvimento, do surto de progresso dos esportes amadores , basquete, voleibol e futebol de salão, a partir da inauguração do primeiro ginásio de vergonha que a cidade conheceu, e que recebeu de Sylvio Piza Pedroza. Ultimamente, Natal não é nenhum rabo de cavalo pra só crescer pra baixo, o velho palácio da Seridó está ½ safado, Maranhão fez outro palácio mais paidégua, mas dez anos de bons serviços prestados asseguram a estabilidade funcional e ele vai continuando, impávido e sereno, quem já foi rei não deixa nunca de ter a sua majestade.
O corre-corre da ampulheta do tempo é forte, como já dizia a madre superiora. Menos para o construtor do ginásio do Instituto, que em dez anos está muito mais acabado do que ele próprio em quase meio século de “savir vivre” pra ninguém botar defeito. Pra Sylvio, desligaram o velocímetro, o tempo não tá correndo, a ampulheta-nem-nem, dá até vontade da gente pedir a “receita”, só sendo “coisa feita”, vai ver que é...
Poucas medalhas do mérito esportivo estarão com melhor dono. E muitos poucos a terão recebido com tanto amor, tanto carinho e tanta noblesse como esse papa-jerimum internacional a vai receber logo mais, qual atleta olímpico recebia aquele galho de mato consagrador nada valia pelo valor que tinha, mas tudo valia pelo que representava. É que Sylvio sempre soube cultivar a filosofia magnífica de tudo dar sem nada querer, dentro do melhor modelo greco-romano da alma sã em corpo são, sem nunca arrefecer o ideal olímpico de fer-plei, sempre competindo com lisura, dignidade e esportividade. Muita esportividade...

por Alma do Beco | 12:29 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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