Laélio Ferreira de Mello
Conheci Damasceno Bezerra pouco antes da sua morte, aí pela metade da década de 40. Morava na Praia do Meio, quando ainda não existia a Avenida Circular, hoje “Sílvio Pedroza”, que a construiu, (ou “Café Filho” ?). Casas de alvenaria, “de veraneio”, somente aquelas, poucas, da Ponta do Morcego ! Nada, ainda, de “Praia dos Artistas”. Fui, de bonde, com Papai, descendo ali, no início da ladeira, hoje dita “do Sol”. Tuberculoso, as pernas feridentas,alto,magérrimo, cabeleira despenteada, enfiado num velho e roto calção de banho, cheio de cana, recebeu-nos com alegria na casinha de taipa modestíssima, de pescador, o chão batido.
Em 27 ou 28 (Cláudio Galvão sabe precisar), ele, Othoniel Menezes e José Janini, numa carraspana terrível, vieram do Alecrim até ao Beco da Lama, para a saídeira, atirando na iluminação pública – escândalo monumental! Papai perdeu o emprego supimpa de Primeiro Oficial da Secretaria do Governo (de Zé Augusto); ele, Damasceno, o de Redator da “A República”; Janini, a família deportou para o Rio, onde se deu bem.
Era, o infeliz poeta, conversador admirável, pilhérico, fescenino!
Nunca conseguiu dinheiro nem apoio oficial para publicar um livro prefaciado por Othoniel e de nome belíssimo: “Dias de Sol”!