para M.
uma puta triste. não o que sou:
o que tu dizes. mas puta não sou.
sou apenas só e triste e doendo
de descaso e de abandono e doendo.
te pergunto: para ti o que sou?
(que uma puta triste bem sei não sou.).
tanto a ti compraz me urdir doendo?
nada mais te apraz que ver-me doendo?
então deixa-me ser quem sei que sou
e velar quem em mim não vês e sou
(que não é a puta triste e doendo)
mas aquela que te ama a que sou
e também a que te amou que ora sou
: meio-muda, meio-morta e doendo.
Márcia Maia