CAPITAL BRASILEIRA DA POESIA
Tapume da Catedral nova em construção, avenida Deodoro, 13 de Março de 1986
Há quem ache exagero, é verdade. Mas dizer que Natal é a Capital Brasileira da Poesia, pelo menos no 14 de março, não é nenhum favor. Não foi aqui que as comemorações à data tiveram início, mas foi onde os poetas puseram a idéia em prática e seguraram a peteca inovando sempre, criando maneiras de comemoração que fizeram escola, sendo copiadas em outras cidades brasileiras.
Um exemplo? O “Poesia ao Mar”, que teve sua primeira versão aqui em 1985, e chegou até a ser mostrado, ano passado, no Jornal da Globo, realizado por vates de outros mares.
Para os que se envolvem com a brincadeira, é muito gostoso ver Carla Rodeiro chamar, ao vivo, reportagem da Capitania das Artes, anunciando o início das festividades em animado e poético café da manhã, como aconteceu ano passado, Agnelo, ali, no vídeo, recitando o “batatinha quando nasce”. É prazeroso. Como é prazeroso a notícia de que em escola tal, a professora tal também resolveu aderir e levou a poesia para sala de aula.
É contágio. Mas isso não aconteceria se Natal não fosse uma cidade que ama a poesia. Quem, aqui, ainda não ouviu dizer “em cada esquina um poeta, em cada rua um jornal”? Pois a poesia, no seu dia, começou devagarinho, a princípio em canto de página, depois em página inteira, até tornar-se caderno, não de um, mais de dois jornais, como aconteceu no passado. É a glória! E isso só acontece aqui na nossa Capital Brasileira da Poesia, em nenhum outro lugar do país.
Faz muito tempo não, até concentrações eram proibidas. Pois, em plena era do medo, os poetas natalenses realizaram os chamados “Passeios Poéticos da Cidade do Natal”. E faziam exposições em ruas, em muros, onde se subia em tamborete e, lá no alto, a pregos, a poesia se dizia presente. Momento puro de prática cidadã! A resistência. A luta.
Hoje, mais um Dia da Poesia a ser comemorado. Vamos a ele, então, e façamos de cada gesto nosso, nesse dia, um momento de poesia. Num mundo tão conturbado como este, é bom, muito bom, vermos uma cidade irmanada em comemoração tão singela.
Viva Natal, Capital Brasileira da Poesia! E viva, para todo o sempre, a poesia nossa de cada dia!