terça-feira, fevereiro 01, 2005

As coisas

AS COISAS SÃO COMO SÃO, E NÃO COMO A GENTE QUER QUE SEJAM

Depois de tantas nuvens a lua apareceu ontem em grande estilo no
horizonte da Praia de Ponta Negra. Alguém acreditava que a Lua apareceria no meio de tanta neblina? Pois é, nem a metereologia é previsível. Só a matemática é exata. Por mais escondida que esteja, uma incógnita sempre é encontrada. É o xis da questão. Nenhum mortal, além deste xis é capaz de prever algo que possa vir a acontecer.
Eu quase acertei a quina da Loto. Saí de casa com os números anotados e na hora H mudei. Se não tivesse mudado, estaria rico. Esta frase é muito comum. Quem nunca disse, pelo menos já ouviu alguém dizer. O ódio e o amor nunca são esquecidos, apenas adormecem. Assim como um palpite de loteria, um grande amor pode não dar certo por uma simples mudança de planos na hora H. Algumas vezes tudo o que planejamos não dá certo, e o que pensávamos que jamais daria certo, inesperadamente acontece. Está escrito? É o destino? Sinceramente eu não sei. Só sei que aprendi a não fazer planos. Toda vez que desejo muito uma coisa, quando não acontece, demora para tal. Já tentei até desenvolver a técnica da não querença, ou seja, desejar disfarçando que não desejo, para enganar a vontade.
Hoje eu faço isso tão bem, que termino sem querer de verdade o que mais queria. Talvez o que se tenha a fazer é querer só pela metade, e depois conquistar o resto bem devagar. Vou tentar. O maior problema é que todo mundo parece que quando consegue algo desejado, já parte em direção a outra conquista, como se valesse apenas o prazer de ter conseguido, não desfruta dos resultados. É aquele lance de esperar pela festa ser melhor do que ir à festa. É complexo. O que temos, material e espiritualmente? O que temos? Estamos satisfeitos? Temos que agradecer o que temos, ou temos que querer mais? Ser ambicioso é crime? Ser grato é ser acomodado? Sempre vai aparecer um adjetivo que qualifique ao modo alheio, o seu jeito. Portanto, acho que é conveniente adaptarmos a estas nuances a conformação ética do estar preparado para outras opções. Não digo estar sempre com uma carta na manga, porque considero cafajestismo cativar um objetivo, pensando em outro. Mas arranjar uma maneira não torpe de livrar-se dos traumas que as decepções naturalmente causam. Ler um livro sobre o assunto que está lhe incomodando, sobre o tema a que você está vivendo em vida, é o melhor remédio, não para entender, mas sim para comparar estes ditos traumas. Escrever também é aconselhável para quem como eu, questiona quase tudo. Será que só eu questiono todas estas coisas? Claro que não. Todos têm seus questionamentos, apenas alguns os contestam. Uma maneira antiga de se livrar das dúvidas é tentar traduzi-las e imortaliza-las em palavras. Escrever de próprio punho, testemunhar o cunho, arriscar as letras. Quantas vezes não ficamos por um triz, e este triz ainda tira um fino do limite ao que se almejava alcançar. Quando conseguimos o que sempre tentamos, ninguém acredita. Nem nós mesmos. Aí vem o excesso maníaco da humildade cabível. – Eu nunca pensei que iria conseguir!!! Sábio é aquele que já sabe quando vai conseguir. Não reluta, insiste, persiste, determina metas, arquiteta planos, traça terrenos e faz seu território prosperar para que tudo aconteça. É sábio sim. Mas às vezes também, nem assim se chega ao esperado. Não é pessimismo, não é realismo, não é otimismo. É o que tem que ser. As coisas são como são, e não como a gente quer que elas sejam. Ou com vocês é diferente? Tanto Cervantes quanto Maquiavel sabiam dos desencantos que os encantos atravessam, pois tinham uma grande paixão morando ao lado dos seus propósitos. Uma paixão a que se devota em posses e perdas. Um era adepto da quimera, o outro estrategista. Porém, ambos sem a certeza total da conquista. O difícil é atrair o óbvio para si sem cair na volúpia da tentação, e impossível mesmo é esquecer o passado. Sem mais querer filosofar, vou deitar a matéria, pois já filo a cama enquanto espero a noite amanhecer. O que tiver de ser não será. É assim que as coisas são.
CARPE DIEN

Mário Henrique Araújo

por Alma do Beco | 5:31 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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