sábado, janeiro 29, 2005

Cidade berço

Cidade Berço
Eduardo Alexandre*

Anunciação, festa. Predestinação. Estrela-guia encravada forte à sombra do marco de posse da terra Brasil, sonho da era esperada, sinal. Cidade que cresceu lenta no tropicopontal Atlântico, contemporâneo do primitivo chegar náutico e do cibernético/dígito/espacial tempo também de favelas e orelhões, antenas ao mundo, claro, universal: leste.
Primeiras luzes da Sulamérica. Conversa tradicional das personagens do Grande Ponto, becos da velha Ribeira, esquinas e cais; agitos do Baixo, palco oficial de chegada, início, confirmação: indicação de magos entre coqueiros. Micro-universo mágico, figura poética de vidas e almas: cidade bruxa – o ego não ousa desvendar os seus mistérios.
Filhos simples de cidade simples, cativa dos seus amores folclóricos e lúdicos, de fandangos e bumbas de etnia remota, múltipla. Sentinela atenta. Salto. Trampolim de vitórias no além-mar. Pedra guardiã, fortaleza. Sangue cívico de várias jornadas. Luta.
Burgo de História e estórias, casos e causos, transmitidos pelos que fazem o seu cotidiano sério, boêmio e descompromissado, colorido pelo sol permanente: Nordeste. Nova Amsterdã imposta. Londres Nordestina na visão do poeta.
Galo madrugador, fé: Rosário de imagens e lendas do Rio Grande, o Potengi. Tapioca gostosa. Peixe frito no dendê.
Canto do Mangue, Ponta Negra, Mercado da Redinha, veraneio com cachaça, tira-gosto com caju. Ginga. Cidade manhosa, erguida entre dunas, bela em arrecifes e explosões de ondas, é brisa afável; é verde nas praias e morros da mata Atlântica.
Habitat natural encantado da tribo dos índios comedores de camarão, os Potiguares. Papa-jerimum de verdade, cidade guardada pela natalidade/infância, formação e dengo de reis e duendes, cidade circo de palhaços-guerreiros, antevisores da nova aurora: facho, farol, alegria do parto.
Misto de encanto e descobertas. Martelo à luz da manhã. Magia. Cidade viva, eterna na memória dos seus mortos. Cidade nua. Cidade crua. Cidade Santa, segredo: cidade berço.

*Eduardo Alexandre é artista plástico, poeta e criador da Galeria do Povo

por Alma do Beco | 1:59 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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