sábado, janeiro 29, 2005

Entrelinha AC

houve um tempo em que tudo era tão bom.
quando todos tudo ao mesmo tempo descobrimos,
e nós, que já não éramos adolescentes,
deixávamos que os corações desembestassem.
éramos muitos, de vários bairros da cidade,
mas sabíamos do endereço de cada um,
dos horários de todos nós.
e nos preocupávamos uns com os outros.
era tudo novo para nós e sabíamos disso.
a cada descoberta, a partilha.
quantas vezes não trocamos nossas lágrimas...
e tantas, o sorriso...
em meio à turma, elegíamos nossas preferências,
mas éramos unos, um em todos, todos em um.
dos mais experientes, bebíamos os conselhos,
ouvíamos o caminho a ser seguido.
aos que chegavam, dispúnhamos o que já aprendêramos.
tudo era alegria.
as desavenças só vinham confirmar a regra, mas passavam.
se um se afastava, todos iam à sua busca.
e hoje, passado décadas em poucos anos, não somos mais assim.
endurecemos e, pior, envelhecemos.
envelhecemos não na idade.
essa, indefectível.
mas na vontade, no gesto, no cuidado com o outro.
nos distanciamos e fomos esquecendo cada um de cada um.
hoje, quando nos encontramos, ainda trazemos o sorriso no rosto,
mas não sorrimos mais lá dentro.
nem das coisas típicas do começo.
é tudo distância e é tudo bom do jeito que está.
parece que não éramos o que éramos.
e é difícil sermos assim,
não é bom do jeito que está coisa nenhuma.
mas é assim que estamos e é assim que é.
o duro é sabermos isso: nada será como antes.
e disso todos nós sabemos.


Antoniel Campos

por Alma do Beco | 1:45 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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