(PRAIEIRA)
PRAIEIRA DOS MEUS AMORES,
ENCANTO DO MEU OLHAR!
QUERO CONTAR-TE OS RIGORES
SOFRIDOS A PENSAR
EM TI SOBRE O ALTO MAR...
AI! NÃO SABES QUE SAUDADE
PADECE O NAUTA AO PARTIR,
SENTINDO NA IMENSIDADE,
O SEU BATEL FUGIR,
INCERTO DO PORVIR!
OS PERIGOS DA TORMENTA
NÃO SE COMPARAM QUERIDA!
ÀS DORES QUE EXPERIMENTA
A ALMA NA DOR PERDIDA,
NAS ÂNSIAS DA PARTIDA
ADEUS À LUZ QUE DESMAIA,
NOS COQUEIRAIS AO SOL-PÔR...
E, BEM PERTINHO DA PRAIA,
O ALBERGUE, O NINHO, O AMOR
DO HUMILDE PESCADOR!
QUEM VÊ, AO LONGE, PASSANDO
UMA VELA, PANDA, AO VENTO,
NÃO SABE QUANTO LAMENTO
VAI NELA SOLUÇANDO,
A PÁTRIA PROCURANDO!
PRAIEIRA, MEU PENSAMENTO,
LINDA FLOR, VEM ME ESCUTAR
A HISTÓRIA DO SOFRIMENTO
DE UM NAUTA, A RECORDAR
AMORES, SOBRE O MAR!
PRAIEIRA, LINDA ENTRE AS FLORES
DESTE JARDIM POTIGUAR!
NÃO HÁ MAIS FUNDOS HORRORES,
IGUAIS A ESTE DO MAR,
PASSADOS A LEMBRAR!
A MAIS CRUEL NOITE ESCURA,
NORTADAS E CERRAÇÃO
NÃO TRAZEM TANTA AMARGURA
COMO A RECORDAÇÃO,
QUE APERTE O CORAÇÃO!
SE, ÀS VEZES, SEGUINDO A FROTA,
PAIRAVA UMA GAIVOTA,
LOGO EU PENSAVA BEM TRISTE:
O AMOR QUE LÁ DEIXEI,
QUEM SABE SE INDA EXISTE?!
ELA, ENTÃO, GRITAVA TRISTE:
NÃO CHORES! NÃO SEI! NÃO SEI...
E EU, SEMPRE E SEMPRE MAIS TRISTE,
REZAVA A MURMURAR:
“MEU DEUS QUERO VOLTAR!”
PRAIEIRA DO MEU PECADO,
MORENA FLOR, NÃO TE ESCONDAS,
QUERO, AO SUSSURRO DAS ONDAS
DO POTENGI AMADO,
DORMIR SEMPRE AO TEU LADO...
DEPOIS DE HAVER DOMINADO
O MAR PROFUNDO E BRAVIO,
À MARGEM VERDE DO RIO
SEREI TEU PESCADOR,
Ó PÉROLA DO AMOR!
OTHONIEL MENESES