quarta-feira, junho 22, 2005

SEVERINO CABRA MACHO - POEMA MATUTO



Nosso nordeste é presente,
na política nacioná.
Do arto da sua isperiença,
lá no pranarto centrá;
eu sô fã de um deputado,
pra o quá dô meu recado,
na Câmara Federá.

Cabra macho nordestino,
êsse poeta agarante:
É premêro sem sigundo,
persona grata, importante.
Nêsse cordel qui hoje faço,
lhe vai meu fraterno abraço,
Severino Cavalcante.

Na Capitá Federá,
Severino é festejado.
É nordestino da gema,
e sabe dar seu recado.
Numa inleição cuntundente,
foi eleito Presidente,
da Câmara duis Deputado.

Pensaro qui êle seria,
facilmente manobrado.
Qui nem um marionete,
puros baibante guiado.
Quem pensava essa bestêra,
q’uia sê dessa manêra,
tava era munto inganado.

E se passando por besta,
cum carinha de inucença,
Severino, caladinho,
isperô cum paciença.
Mostrando a sua isperteza,
se sigurô cum firmeza,
nais rédea da Presidença.

E muntos duis Deputado,
findaro se arrependendo,
de in seu Biu tere votado,
e ao mundo, fôro dizendo,
do seu medo, seu menino,
dais merda qui o nordestino,
na Câmara tava fazendo.

E na Câmara Federá,
êle é o Papa; é o Reis.
E aos nobre Deputado,
afirmo mais uma vêiz:
Biu só segue a vossa Escola;
quem cagô na rabichola,
ao votá, fôro vocêis.

O cabra tem pulso firme,
mermo sendo meio “usado”.
Cum seus mais de oitenta ano,
é macho todo; arrochado.
Prá lá de firme, o sujeito,
o qui êle fizé, tá feito,
ungido e sacramentado.

Biu nais suas decisão,
só numa qui êle tumô,
incobriu todos seus êrro,
qui dizem qui praticô.
Amostrô qui num era bronco,
quando dais célula tronco,
o seu uso êle votô.

Cum isso êle abriu mil porta,
afirmo no verso meu.
Mais um fio de esperança,
ao nosso povo, êle deu.
Êsse bravo nordestino,
foi o Instrumento Divino,
qui Jesus nuis concedeu.

O gesto de Severino,
alavancô ais pesquisa.
Quem carece tratamento,
naquela hora precisa,
viu qui o gesto de coerênça,
se aliô à ciença,
e a cura viabiliza.

Mais Severino, o mió,
lhe digo in minha poesia:
Além de sê nordestino,
tu me deu ôta alegria,
quando acendendo o facho,
amostrô sê cabra macho,
bem no mêi da cantoria.

No Festivá de Ceilândia,
de viola nordestina,
tu amostrô tua fibra,
e qui ainda se destina,
munto prá lá de animado,
quando viu pertíin, do lado,
ais calcinha da menina.

Cum a galêga surridente,
pegue logo a cuxixá.
E tu, cabra véi da peste,
só surrindo, sem pará.
Parecia um bizerríin,
quando corre ligêríin,
prá vaca, mode mamá.

Ela cum vinte e trêis ano,
e tu cum oitenta e quato.
Ela fêiz tu remoçá,
muntos ano alí, no ato.
É capaiz dela fazê,
numa juntada, pode crê,
de tu, Biu; gato e sapato.

Uis repórte apruveitaro,
e amostraro p’ro Brasil,
qui a galêga te dexô,
cum teu coração a mil.
Só num dêxe, meu irmão,
lhe pegare cum a mão,
alisando o seu bombril.

Se ela te pegá, seu Biu,
do jeitíin qui eu cunheço,
dá-lhe uma surra de xiníin,
te revira pelo avêsso.
Nesse carrumbamba tôda,
dêxe qui o mundo s’isprôda,
in quaiqué um indereço.

Meu querido cunterrano,
no verso vai meu recado.
No meu poema em cordel,
no verso metrificado.
Você pode errá de fato;
cague o resto do mandato,
qui por mim, tá perdoado...

Bob Motta
Academia de Trovas do Rio Grande do Norte
União Brasileira de Trovadores – UBT – RN.
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte

por Alma do Beco | 2:21 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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