a Luiz Rabelo
Vou-me para Tegucigalpa
Ou melhor para a Jamaica
Num pau-de-arara analfabeto.
Vou até lá que avião e trem andam repletos caindo.
Onde deve haver mulheres-flores frutas
É Tegucigalpa
Não tem perigo de ser samba ou rumba
Lá não tem rádio nem livro nem jornal
Nem bacharel nem médico nem imortal
Nem muita honra em conhecê-lo
Lá tem é banana e macumba e da boa e sem gelo.
Tegucigalpa nem sei bem onde é.
Mas só o nome quente e gostoso melhor que café
E de nomes é que se vive.
Dormir lá debaixo de que árvores sem Rousseau
Com um terçado bem afiado à vista dos canaviais.
Tegucigalpa sem literatura
Sem contradanças nas almas das criaturas.
Vou me mudar para Tegucigalpa
Que só no México tem o complexo da rima.
Mando virar o caminhão pau-de-arara de letras para cima
Não volto mais nunca mais.
Porém muito melhor é que me vá para Jamaica
Tanto faz.
Othoniel Meneses