domingo, junho 05, 2005

GLÓRIA


Encapuzado de Marcelus Bob

Alexandro Gurgel

Marcelus Bob



Cartaz dos 10 Anos da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências.
Ilustração: Marcelus Bob


Badalada revista de arte alemã, a Deutsche Neue Blätter elegeu os 100 maiores artistas de vanguarda do mundo.
Da América Latina foram apenas três: um do Chile e dois do Brasil — um paulista e outro — orgulhem-se! – potiguar.
Foi nada menos que o pintor Marcelus Bob, que saiu ao lado de um dos ícones da grande pintura alemã: Oskar Kokoschka.
É a glória!!!

Eliana Lima
Jornal de Hoje, 1 de junho de 2005


Sobre um Marcelino William

Hugo Macedo


O meu primeiro contato com Marcelus Bob marcou definitivamente sua vida.
Estávamos iniciando o movimento da Galeria do Povo, na Praia dos Artistas, Natal, e a cidade pulsava arte.
Na Fundação José Augusto foram criados dois prêmios de pintura: um para iniciantes, o Newton Navarro e; outro aberto, Prêmio Governador do Estado.
O ganhador da primeira versão do Prêmio Governador do Estado, para nosso orgulho, havia nascido para a vida artística na Galeria do Povo. Francisco de Assis Marinho, um menino que desenhava retratos pela cidade e que ao pé do muro passou a conhecer o que era arte e a se enturmar com quem a fazia. Exímio desenhista, Assis logo se tornou referência da pintura norte-riograndense.
Na abertura da exposição, na Galeria da Biblioteca Pública Câmara Cascudo, uma festa. Muita gente reunida e eu diante de um quadro de um artista que eu não conhecia: Marcelus Bob.
Perguntei a amigos de quem se tratava até que alguém o trouxe a minha presença.
— Marcelo, esses seus quadros vão fazer o maior sucesso na Europa, eu disse para ele.
Bob era funcionário da regional do Instituto Brasileiro de Defesa Florestal, o Ibama de hoje.
No outro dia, ao chegar à repartição, ele foi direto ao departamento de pessoal e pediu demissão.
A família, os amigos, entraram em desespero.
— Como pode, Marcelo, emprego federal, garantia de bom salário para o resto da vida, e você joga tudo fora? Está louco? Pirou, foi?
Marcelino William de Farias cedia ali sua identidade para o artista que nascia.
A vida tornou-se difícil, mas Marcelus Bob nunca mais deixou suas tintas, telas e cavaletes por nada.
Passou, então, a deixar sua marca pela cidade, pintando encapuzados em paredes.
Pintura mórbida, pesada, ele começou a retratar a vida simples de seu povo de Mãe Luiza, bairro pobre da cidade. Botecos, violões, mulheres, sinucas, balcão, gato e cachorro, sempre.
Arte maldita de vera.
Mas também passou a registrar em grande estilo a cidade do Natal, com murais que traziam as marcas da cidade de hoje e de sempre: o forte, o farol, as dunas, a igreja do galo, o galo.
E pintou o casario pobre e pipas que encheram de luzes suas pinturas. E registrou o folclore, pintando bois e pastorinhas, jogos infantis.
Bob é também apaixonado por música. Rock pesado. E toca guitarra e montou uma banda que foi o grande sucesso da vanguarda musical do IV Festival de Artes do Natal, na Fortaleza dos Reis Magos, 1982: Grupo Escolar.
Pena que poucos viram e ouviram: já era mais de 4:00 horas da manhã.
Artista solitário, não se protegeu jamais em grupos de fáceis elogios. E os prêmios vieram e veio um reconhecimento frágil, sem sustentação.
Estar hoje entre os 100 maiores pintores de vanguarda do mundo é realmente, para nós que fazemos arte em Natal, motivo de grande orgulho.
Que essa valorização se transforme também em moedas e dê a Marcelino William tudo e muito mais ainda o que a vida despojada lhe negou depois que assumiu ser o Marcelus Bob que é hoje.
O Beco da Lama se orgulha desse reconhecimento, sim. E, aqui, o abraça e felicita pela conquista.


Eduardo Alexandre

Hugo Macedo

Pintura urbana de Marcelus Bob
Parede lateral do Museu Café Filho, rua Cel. Cascudo

por Alma do Beco | 7:18 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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