"Seja sim ou seja não: vai mudar alguma coisa em nosso país? A violência vai diminuir seja qual for a resposta?"
Padre Agustin
Karl Leite
NA DÚVIDA DO SIM OU NÃO
DAVID REIOU GOLIAS
Pense numa confusão
que está acontecendo
esse tal de referendo
na dúvida do sim ou não.
É um dia de tensão!
Muitas festas, estrepolias
muitas farras e orgias
e o povo todo confuso
vai entra em parafuso
-David reiou Golias.
Chagas Lourenço
Escuta, meu amigo
Ergue o teu corpo para o oriente
e recorda-te do ontem;
daqueles alvoreceres de décadas atrás
quando o sol despontava
em sua plenitude,
revestido da mais singela pureza
e encantando com sua
inusitada beleza,
surgia no hemisfério norte.
Anos atrás, meu amigo,
outros contigo se reuniam
para enaltecer a tua alegria
e te amparar nos primeiros passos
pelos corredores da vida,
pois, assim como o sol emergia
para a sua longa caminhada,
ali, naquele momento,
tal qual o filhote de predador que,
exuberante, traz em suas presas
a primeira caça,
o “primeiro céu”
e a “primeira terra”
surgiam em teu horizonte.
Escuta, meu amigo:
Ergue novamente o teu olhar,
agora para o ocidente,
vede que o sol se põe no ocaso
depois de cumprida a sua jornada.
Hoje ressurge uma nova
e radiante primavera,
recepcionada sob os auspícios
da experiência e da esperança.
Escuta, meu amigo:
Ergue-te por inteiro, agora.
Guarda a tua espada,
pois os sinos da matriz
já anunciam a tua vitória,
enquanto se avizinham “um novo céu”
e “uma nova terra”
porque o “primeiro céu”
e a “primeira terra” passaram
e o mar já não existe...
Robério Matos
PAREDE
o tempo é o momento. o instante é cada.
seria aquele agora o que viesse.
camisa sem botão no chão jogada
(rasgada a lingerie, sozinha desce).
decerto seguiria a caminhada,
se perto uma parede não houvesse.
desceu-me da cintura e já virada,
pediu que em suas costas me fizesse.
saía-lhe, a voz, rouca, abafada,
dizendo pra fazer o que eu quisesse.
a ordem não restou-me ignorada,
nem outra esperei que me dissesse.
com os pés, uma da outra separada,
um ângulo em suas pernas quis tivesse.
e cada uma das mãos quis espalmada,
e o rosto na parede se pusesse.
num beijo fiz-lhe a nuca devassada
(tingida de um rubor, logo azulece).
mexendo teu quadril, fêmea e suada,
teu peito na parede se intumesce.
e toda as tuas costas quis beijada,
na forma de beijar que me apetece:
pensar — embalde a boca em beijo dada —
que o beijo já de haver beijado esquece.
e a tua voz — se havia — foi calada
: teu uivo na parede se emudece.
banhou-te meu suor — tu já molhada
: de nós toda a parede se umedece.
as ancas quis de mim aproximada,
do jeito que o teu corpo bem conhece.
desci-me e, genuflexo, à mirada,
a língua quis que se sobrepusesse.
e o que se me mostrava resguardada,
aos poucos no lamber mais se elastece.
roçares... vaivéns... língua sugada...
sorvendo e sem que a sede detivese.
a boca de contrastes consumada:
se o teu suor esfria, o mel aquece.
serias dessa forma vergastada,
se noutra, bem melhor, não conviesse:
subindo, vou sentindo na escalada,
que o gosto que eu trazia remanesce.
sussurro em teu ouvido: tu. mais nada.
sussurras à parede: não se apresse...
(ouvi, mas como fosse não falada,
tal foi a tua voz em quase prece.)
meu corpo colo ao teu — forma acoplada.
e o corpo, inda que dois, um só parece.
meu corpo invade o teu — breve estocada.
e em breves indo-e-vindo permanece.
queria-te de mim toda tomada,
e invadiria mais, se mais coubesse.
gemias de uma fala recortada,
da qual somente o corpo reconhece.
e em pleno evolver da cavalgada,
meu corpo, junto ao teu, treme e estremece.
(...)
se a hora se passou, não foi contada
(se se, talvez em si se desfizesse).
(...)
te volto para mim, quero-a abraçada,
e em canto, tal uma ária compusesse,
sussurro em tua boca: tu. mais nada.
deitemos, amor meu... já se amanhece.
Antoniel Campos
Pequena resenha de ontem
Karl Leite
Se a festa de abertura do II Festival Gastronômico do Beco da Lama foi um sucesso, a segunda etapa do Pratodomundo realizada ontem, no “Beco do Alto”, foi ainda maior.
Muita gente em todos os botecos e adjacências: no Bar da Meladinha, em Nazaré, em Odete, Chico, Mãinha, Bar de Seu Pedrinho, Aluízio, Francinete...
Os bares da Amizade e Bardallos fizeram as vezes de anfitriões e receberam os becodalamenses com muita fidalguia e esmero.
O show instrumental de abertura, da Banda do Beco da Lama, integrada por Carlança, Barbosa e Pereirinha deu o tom do que se seguiria acompanhando as excelentes performances de Geraldinho Carvalho e Pedro Mendes, este em tarde inspiradissimamente feliz. A cantoria e a dança do Boi-de-Reis, de Manoel Marinheiro, deram colorido à tarde e mostraram porque a participação das manifestações de raiz é importante em eventos do porte dos realizados pela Samba.
Teve benção do padre Agostinho, morador ali do “Beco do Alto”, brilhante comando de palco de Plínio Sanderson com sua poesia irreverente e questionadora, tendinha e palco bem cuidados, com cenário de fundo, som de qualidade e aquele mundão de gente feliz, se abraçando, se beijando, bebendo e degustando os pratos competidores, que, diga-se, estão fazendo grande sucesso e deixando doida a comissão julgadora que não sabe qual escolher.
Digo: Natal está se encontrando no Beco da Lama, em sua origem, no berço de sua história.
Presenças a destacar de Nei Leandro de Castro, nosso mestre de As pelejas de Ojuara e; Fernando Bezerril, que fechou: “a Samba pode produzir que a Sectur garante a realização do I Reveiom do Beco da Lama.”
Com Dickson Meméia, dos Muitos Carnavais, combinamos: estes se estenderão por bares das confluências, animando desde cedo o que será a festa de encerramento do Festival Gastronômico do Beco, a 5 de novembro.
E como Piru, o Carlos Roberto Bezerra de Araújo, estava presente, convidei e ele garantiu: vai ter o Esquina 16, de novo, no Beco, dessa vez no reveiom, mostrando chorinhos famosos e os frevos que consagraram a história dos carnavais de Olinda e Recife.
Noutro contato, solicitamos a Artemilson Lima ver a possibilidade de termos o Coral Gregoriano abrindo o 2006 e, quem sabe, nessa festa, entre outras atrações, não levamos Elino Julião a ele? Isso sem falar que a 3 de dezembro temos o IV Carnabeco.
Como bem diz Léo:
- É o Beco!
Dunga
A.E.:
1. Karl, se a ressaca deixar: manda aí as primeiras chapas da festa, ôme... Obrigado.
2. Dália, eu sei que isso tudo faz você morrer de saudade. Mas é proposital mesmo para tê-la logo de volta conosco. Um beijo.